
Veleiro Barba Negra #101 - Exército na praia, polícia na ancoragem e clima estranho em USVI
Como eu já tinha dito anteriormente aqui, a subida do Caribe impões um ritmo quase frenético para quem se dispõe a conhecer o maior número de ilhas possíveis e aproveitar ao máximo a temporada para conhecer as diferentes culturas e bandeiras dos países daqui. Por isso, a ideia de ficarmos ancorados por um mês (que depois viraram três) foi muito bem vinda. Nosso condomínio marítimo, a baía de Brewers Bay, chegou a ter quase 60 barcos. Em respeito à quarentena nós não interagíamos muito com os demais barcos, apenas entre nós (a reunião de mais de 10 pessoas era proibida). Mas era divertido observar nossos vizinhos em suas quarentenas privadas, fazendo dos limões da pandemia limonadas com seus veleiros que acabaram virando balanços com vela, cipós com adriças e coqueiros com redes improvisadas. Tudo ia muito bem, obrigada. Mas com os casos crescendo (de 3 para 51 contaminados com a covid-19) as praias foram fechadas. Ficamos sabendo no dia anterior à medida e na manhã seguinte fomos surpreendidos com um hammer e oficiais fardados (com aquelas camuflagens de deserto mais clara e bege) caminhando na praia para deixar bem claro que ninguém podia estar ali. Nem para passer com cachorro, nem para deixar o lixo. Ninguém podia pisar na areia, só para acessar à cidade se precisasse de algum serviço essencial. Quem precisa de praia (que nem era tão linda assim) quando se está ancorado em um fundo de corais maravilhosos? Eu e Sergio mergulhamos em cada centímetro quadrado dessa baía. Era uma caída, uma surpresa! Moréias, polvos, arraias, peixes, poliquetas e corais de todas as cores e formatos. Eu me apaixonei por eles e virei a brisalina dos corais. Sergio ia nadando e eu ia ficando pra trás registrando cada tonalidade diferente de esponjinha, parando pra tentar filmar com a GoPro o movimento delicado das anêmonas e o vai e vém das gorgônias. Nossos dias eram assim, um mergulho de 2h de manhã e outro à tarde. Até meu ouvido tapar. Hunf! Fiquei presa em casa e acabei caindo na besteira de acompanhar o grupo dos velejadores de USVI. Aff! Só má notícia chegando, minha ansiedade aumentando e todo mundo falando da temporada de furacões que, como avisam todos os anos: seria mais ativa do que o normal. Hora de recorrer ao artefato da maioria das quarentenas: dane-se a dieta! Bora cozinhar, fazer pão, fazer torta, beber e lidar com isso como dá! Funcionou! Troquei o snorkel pelas assadeiras e, claro, pra não virar uma jubarte, chamava todos os amigos pra fazer parte das orgias gastronômicas, sempre regadas à muito vinho e cerveja, já que álcool desinfeta! rs
